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segunda-feira, 24 de outubro de 2011


AO SABOR DO VENTO

Espera -me,
No fim da noite.
Acenda a lareira prepara o vinho.
Abra as janelas,areja o coração.
Uma flor na mesa com laço,
Escarlate nas pontas.
Escreva um verso.
Adoça a lua.
Molha os lábios de orvalho.
Recobre o olhar da nossa nudez.
Ao sabor do vento,
Vou chegar brisa mansa..
Cheirando mar....
Pontilhando nossas bocas
De estrelas.

ManyPallo





As casas de minha rua,
Eram casinhas singelas.
Onde sorrateira a lua
Espiava dentro delas
E no breu de forma crua
Fazia  as vezes das  velas

Jenario de Fátima

Beijos carinhosos com essência de amor



                         Maldito seja


Malditos sejam os dias em que vivi junto a ti,
e que me fizeram amar-te e querer-te com loucura.
Maldita seja essa minha carne,
alimentada pela fraqueza,
e que não é capaz de dominar
o desejo de querer-te,
mesmo sabendo que as dores 
que me consomem as alegrias,são por ti.
Malditos sejam teus carinhos,
que me fizeram em teus braços
conhecer sensações impossíveis de esquecer.
Malditas as tuas mãos entre os meus cabelos,
enlaçando-me os sentidos 
até deles me perder.
Maldita a tua boca,
como um vento impetuoso
percorrendo o meu corpo,
me fazendo de prazer quase morrer.
Maldita a minha inocência,
que mergulhou na ilusão das promessas tuas
na hora do nosso amor.
Maldito sejas tu,que depois de ganhar-me a alma
me castigas com o veneno da tua indiferença.
Porquê não me matas de uma vez?
Nas tuas mãos cheias do meu sangue
estaria a prova da tua benevolência.
Espere...
Não!
Não me mate...
Não sem antes,mais uma vez,me possuir.
E se depois quiseres partir,
a morte me será menos dolorosa.
Porque maldito será o dia
que eu perder a ti...

                      Viviane B. Pinheiro



ALMA

Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.

O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.

E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.

Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.

Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.

(Fernando Pessoa)



ESPERO-TE

Amo-te em cada beijo que não te dou,
em cada olhar que perco por sobre as nuvens,
e em cada verso que me escapa por entre os dedos
Amo-te nos gritos do meu silêncio,
nas noites que não têm fim,
e em cada lágrima que teima em não cair
Amo-te nas lembranças que já nem me lembro,
nas cinzas de todas as horas,
e nas dores que irei sentir
Amo-te assim feito um louco,
e feito louco,
busco-te ferozmente em cada palavra,
em cada objeto,
em cada mísero grão de tempo
Amo-te, e por amar-te tanto,
espero-te,
ainda que nunca me ouças chamar,
e ainda que nunca tenhas partido

(Marcelo Roque)

APRESENTAÇÃO

Aqui está a minha vida- esta areia tão clara
com desenhos
de andar dedicados ao vento.

Aqui em minha voz- esta concha
vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.

Aqui está a minha
dor- este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.

Aqui
está a minha herança- este mar solitário,
que de um lado era amor e, do
outro, esquecimento.

(Cecília Meireles)

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