Não quero mudar você
nem mostrar novos mundos
pois eu, meu amor,
acho graça até mesmo em clichês
Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo tão déjà-vu
mesmo antes de ver.
Só proponho
alimentar meu tédio.
Para tanto, exponho
a minha admiração.
Você em troca cede o
seu olhar sem sonhos
à minha contemplação:
Adoro, sei lá por que,
esse olhar
meio escudo
que em vez de meu álcool forte
pede água Perrier.
(Antonio Cícero)
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