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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011







ETERNO

Havia um pedaço teu cravado em mim,
E ficamos cúmplices de nossas carnes.

No momento em que me perdia,
Sentia teu cheiro almiscarado,
Seguia teu rastro...
E tu, fechavas minhas comportas.

Havia um não sei o que de encantamento
Nesse amor, que o vazio se fazia repleto.

Desarrumados de preconceitos,
Nos misturávamos líquidos
Disfarçados de oceano,
Como límpidas turmalinas cintilantes.

Havia um lacre de aço, blindando nossas almas
Que por não saberem, ficaram eternas.

E assim e tanto, delirei a vida
Suprema, feliz e quase louca.
Rompi aurora,
Morri sol,
Fui prata lua,
Tão, e somente tua.

Ruth Maria Perrella-







EM REMÉDIO


Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio.
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!



(Florbela Espanca)

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