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segunda-feira, 8 de agosto de 2011




Todas as noites, eu me encontro com um homem, que me olha profundamente nos olhos!
É um olhar quase faca de tanto que atinge a alma, é um olhar de brilhos embora tristes, a tristeza de quem ainda tem tanto a dizer, mas não tem platéia...
Quando nos olhamos assim parece que as confidências brotam das nossas bocas num fluxo intenso e inequívoco, e contamos todos os nossos segredos!
E quando desses olhares, brotam gotas, com cuidado as uso pra aguar as plantas de um jardim tão nosso!
Todas as noites, eu e esse homem, fumamos o mesmo cigarro...e entre pigarros cúmplices ficamos em silêncio e olhamos fixamente pra toalha da mesa, vez por outra, bebemos do nosso copo! vinho, um velho vinho tinto de sangue e sanidade, boa safra!
As uvas foram roubadas de olhos vermelhos em campos verdes e com elas fizemos o nosso vinho! escorre pelo queixo, deixamos assim mesmo...usar as costas da mão para limpar o vinho do queixo, seria varrer a saudade com um tapa...ah! dói!
Todas as noites, sentamos à uma distancia segura entre nós!
a distância de um braço, não poderia ser menos, mas se mais...fugiria-mos pra bem longe. Todas as noites ele me conta as mesmas histórias lidas em velhos jornais!
A luz amarela da lâmpada fraca aumenta a nostalgia...
Todas as noites ele envelhece mais.
Enfim me levanto e me vou embora.
Amanhã será outra noite e eu, novamente, abrirei meu coração e entornaremos mais vinho...eu e o homem só!

Luiz wood




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